17.4.07

A maldição do 805

Acabei de voltar do apto. 805, onde o vistoriador da Brognoli foi me encontrar para ver se a luminária que não estava funcionando agora estava em ordem. Foi o arco final da novela, e hoje na hora do almoço eu encerro de vez essa história, já por demais estendida.

Eu morei por um ano numa kitinete no centro de floripa, e não era nenhum palacete - não consegui em nenhum momento chamar aquele lugar de lar. O piso era de forração (apesar de no contrato constar como carpete - pra quem não sabe, forração é o mesmo material que usavam para forrar o piso de carros antigamente, parecido com um feltro grosso), a pia da cozinha era um lavatório de banheiro adaptado, o vitrô do banheiro não abria pois havia sido soldada uma grade do outro lado que impedia seu funcionamento.

Não posso negar que era bem iluminado e ventilado, mas isso não compensava o resto do deconforto. E tinha também suas peculiaridades, como os vizinhos estudantes barulhentos (que moravam em 3 num espaço igual ao meu, imagino como se dá a sobrevivência ali), as vizinhas garotas de programa e tudo mais. Isso tudo dava um arzinho bacana de transgressão underground, e era o máximo de glamour que eu conseguia depois de espremer e torcer o pano de chão.

A imobiliária (famosa Brognoli que polui os reclames de rádio da cidade sem parar) foi personagem constante no descontentamento e desconforto do imóvel. Tudo bem, ingênuo fui eu em acreditar na conversa deles, com sua fachada super-corporativa e sorrisos colgate - e isso me vacinou para futuras aventuras - mas isso não os exime de culpa, nem alivia a faltqa de caráter e postura profissional.

Primeiro que quando aluguei, já ciente de alguns (os mais leves, deixo claro) problemas do imóvel, logo perguntei se seria possível fazer reformas simples, como trocar o piso. Na época eu tinha acesso a pisos laminados a preço de fábrica, o que valorizaria o imóvel por um valor realmente baixo. A imobiliária logo se prontificou a entrar em contato com o proprietário e me dar retorno, e digamos que esse tal retorno já está fazendo aniversário - parabéns a ele! (dizem as más linguas que ele foi comprar cigarro, e nunca mais foi visto...).

Para a entrega do imóvel, mais lenga-lenga (fico imaginando qual é o ISO para incompetência). Eles conseguiram demorar uma semana para me enviar via email o modelo de carta de recisão. Depois, enviaram um vistoriador que não tinha competência nem para identificar problemas em casinhas do playmobil para levantar os problemas que supostamente eu teria causado ao precioso imóvel deles - entenda-se como os que estavam ali quando recebi o apartamento.

A novela da vistoria durou 4 dias, mas poderia ter durado menos, se eu tivesse aceitado a terceirização dos reparos. Eles me indicariam uma empresa de confiança que faria tudo, e caso eu aceitasse poderia rescindir o contrato imediatamente. Claro que não aceitei, já que a vistoria tinha levantado problemas como faxina, torneira pingando, lâmpada sem acender. Fiz tudo eu mesmo, e marquei outra vistoria.

Na segunda vistoria (ou seja, mais tempo correndo para eu entregar o imóvel, e portanto mais aluguel proporcional para eu pagar) a faxina não estava de acordo com os "padrões" da empresa, e eles disseram que terceirizariam o serviço e me mandariam a conta. Mais uma vez neguei, e fiz a faxina do apê eu mesmo.

Na terceira vistoria dei azar, e uma lâmpada fluorescente começo a falhar, e o vistoriador (agora já o chefe da vistoria, que eu havia exigido por estar cansado da incompetência e corpo mole do subordinado) disse que arrumando aquilo tudo ficaria "ok" (engraçado que, se dependesse do vistoriador anterior, vários itens ainda estariam pendentes, como "troca das persianas que não estavam funcionando", ou "pintura manchada"). Eu disse que já estava cansado da novela que eles estavam criando, e que eles fizessem um orçamento da troca do reator e para que eu pudesse encerrar o caso logo. O orçamento deles - e depois fiquei imaginando quanto sairiam as outras terceirizações - para a troca de um reator de R$12,00 (que com mão de obra costuma fechar em R$25,00) era de R$90.00! Comecei a dar risada na frente do sujeito, revelei ser arquiteto e saber bem o valor desse tipo de serviço e que aquilo era no mínimo um absurdo.

Moral da história, fiz o reparo eu mesmo. Como eu troquei as lâmpadas também, ficou tudo por vintão. Depois, jogando conversa fora com o porteiro, fiquei sabendo de outras histórias, de gente que já deixou mais que o dobro do aluguel por causa desse tipo de falcatrua.

Mas tudo bem. Hoje no almoço serei um homem livre, e poderei me dedicar ao novo apê, sem estresse de imobiliária. Só continuo me perguntando como é que cabia tanta coisa no 805, já que o espaço do 201 (apê novo, no mesmo prédio mas com mais que o dobro da área) já acabou há tempos.

Retorno oficialmente ao mundo do blog. Olhando minha conta no blogger.com, lembrei que meu primeiro blog foi aqui, em março de 2003 (!), há 4 anos. Retorno às origens eu diria, mas a verdade é que estou com muito tempo livre nas manhãs do escritório.

Espero que se divirtam!

3 comentários:

Fernanda Romero disse...

Alguém tem que ter tempo livre nesse mundo, né? Volta sim.
Que o 201 traga só coisas boas...
(Inclusive muitos posts e vindas a Sampa.)

Ana Spin disse...

que epopéia, heim?
mais sorte na próxima!
(sim, vindas a sampa!)
carol

barbara disse...

e vivas ao 805!
"o beta-lar"!
sempre certezas amor.