19.4.07

Trabalho

Ontem fui conversar com um possível cliente.

É interessante como a gente sempre espera que os clientes possuam cornucópias monetárias e peçam por projetos ousados e arrojados, com liberdade para inovações e quem sabe novos paradigmas arquitetônicos.

É mais interessante ainda cair na real e ver como isso tudo é imaturo e fantasioso. Fantasioso não pela impossibilidade de surgir um cliente assim, mas pela falta de consciência do papel do arquiteto num projeto, e na vida do cliente.

Pois bem, eis que me surge a possibilidade de projetar uma casa inteira, do zero, para uma família inteira. O cliente tem algumas restrições de orçamento, e - como todo cliente - tem pressa na concepção do projeto. Fiquei uma hora inteira conversando com ele, sondando o tipo de personalidade, como ele encara o dia-a-dia e tudo mais, e expondo um pouco como eu vejo a relação da arquitetura com o projeto de uma casa e etc. Foi uma hora longa, mas que serviu a seu propósito: estabelecer uma relação de confiança entre o cliente e o profissional ali presente.

Tenho uma semana para entregar uma proposta - tanto de valores quanto de projeto. E aí é que vem a parte importante (e que me levou a escrever esse post): como é difícil criar um projeto do nada!!!

Eu vivo criando projetos na cabeça, inventando detalhamentos interessantes para as mais diversas funções do edifício, mas eis que na hora de enfrentar o fato real, para pessoas com necessidades reais, a coisa toda desmorona e é como se eu nunca tivesse projetado nada antes, e só o que me resta é bom senso e experiência. Não gosto muito dessa coisa de ter estilo pronto e ai só ajustar o carimbo ao que o cliente pede... sou funcionalista assumido, e acho que primeiro vem as relações entre habitantes, habitação e habitat, para depois dar uma cara à coisa toda, seja ela qual for.

E esse cliente tem exatamente essa necessidade: ter um espaço confortável em que um casal com 3 filhas em fases diferentes da vida possam habitar juntos, sem perder a privacidade mas ao mesmo tempo sem perder a intimidade.

Idéias zurram pela minha cabeça numa freqüência absurda agora, acho que vou precisar de mais dias para amadurecer a proposta final. Mas no final de tudo isso, o mais legal vai ser botar a plaquinha com o nome do arquiteto na frente da obra.

Sensação de mundo novo!

Um comentário:

barbara disse...

sabe nessas horas eu repenso os modernistas e todo o lance de projetar no plano vazio.
essa semana mesmo eu pensava como somos direcionados à crítica nas escolas de arquitetura e não à produção - assim nos listamos todos os possiveis e quase-impossiveis impecilhos antes de lançar um projeto. terminamos por trabalhar com os remendos de nossas próprias imposições. te desejo sucesso neste desafio, e acho que entendo bem o medo que dá. só que fiques com a certeza que tens uma estagiária aqui sempre de plantão pra discutir as idéias que concebes tão maravilhosamente.