18.6.07

Impermanência

A exposição de cultura japonesa tem sido um grande sucesso, tendo seu ponto alto nas apresentações de sexta e sábado. Ao longo da semana mais atrações estão programadas, e a perspectiva de visitação é alta.

Como fui o arquiteto da exposição, pude deixar cartões de visita junto ao livro de presença, e para a minha felicidade os cartões já acabaram e estou levando mais hoje. No domingo já me telefonaram pedindo um projeto com estilo japonês, o que me deixa esperançoso quanto a mais trabalhos.

Também conheci um rapaz muito bacana - o Vinicius - que é forjador entusiasta e conhecedor de espadas japonesas, com quem passei boa parte do meu sábado conversando.

Mas o ponto alto do evento todo para mim foi ter participado da cerimônia do chá. Para quem não conhece, o chanoyu é uma arte zen na qual alguém serve um tipo especial de chá - o macha - e alguém bebe esse chá. A idéia básica da cerimônia é a de comunhão entre os participantes naquele momento de pura simplicidade. No entanto, sabendo eu que aquela seria uma versão (muito) simplificada da coisa, já não fui muito animado para participar.

Primeiro que me deu cãibra na perna assim que me sentei na posição tradicional sobre os joelhos. Um pouco de respiração e concentração me ajudaram a passar por isso. Depois que o doce que me serviram antes do chá (como se faz tradicionalmente) era muito doce, o que com certeza iria estragar meu paladar na hora de beber. O fato de estar num shopping cercado por pessoas olhando aquilo como se estivesse exposto numa vitrine ajudou na minha sensação de que aquilo não acrecentaria nada na minha vida.

Mas eis que num último momento, olhando para a moça que estava ali como anfitriã e preparava cuidadosamente o chá - com todos os utensílios cuidadosamente posicionados e manuseados - me bateu aquela sensação de alumbramento, de que algo dentro de mim havia mudado naquele instante. E olhando para tudo aquilo, para a sinceridade que a pessoa fazia aquilo apesar da situação nada adequada, é que pronunciei mentalmente: "wabi... sabi...".

Pela primeira vez entendi todo um mundo que vinha estudando mas sem entender realmente o que era. E como deveria ser em se tratando de wabi sabi, o momento foi breve, simples e sem reverência.

Assim como o Tao, o wabi sabi simplesmente é.


3 comentários:

barbara disse...

fui tomada por um diferente rompante no final de semana, mas acho que igualmente importante pra mim. engraçado como os ciclos se dão.
pena só é de ter estado longe nas festividades dos ultimos dias, ..., de qualquer forma deixo aqui registrado que a exposição ficou o máximo e que os trabalhos resultantes são fruto do teu talento e dedicação. (só para que não esqueças ou temes em não enxergar)
te amo muito.

Anônimo disse...

Parabéns!

Tavinho Costa disse...

maldito castle wars...